Escolhendo o mobiliário de uma casa, Antes de tudo, pensar nos móveis de uma residência não é tarefa fácil para nós arquitetos, contudo fico imaginando para quem está fazendo tudo sozinho. O que acontece é que nem sempre o que vemos na loja ou nos sites funciona para nossa casa, por mais que tenham cores próximas do ambiente ou que seja do “mesmo estilo”. Entender quando, qual e onde usar cada peça é fundamental para o resultado fora do óbvio buscado pela maioria das pessoas. Esse artigo dá algumas dicas dos conceitos que uso no Amarelas para a escolha das peças soltas que, são as cerejas do bolo de qualquer residência.
VISUAL DA PEÇA: O primeiro passo é pensar: de onde essa peça será majoritariamente vista. Parece simples, mas entender o ponto de visão talvez seja o elemento chave para surpreender quem visitar sua casa. Para isso, pense nos locais em que você e sua visita gastam mais tempo no ambiente. Por exemplo, em uma sala de jantar integrada à sala de estar, o ponto onde mais se passa tempo é o sofá, logo a vista que deve ser explorada das cadeiras é a visão de quem está sentado no sofá. Se elas estiverem de costas para o sofá, você deve procurar uma cadeira que tenha as costas como visual mais interessante. Se ela estiver de lado, a cadeira deve ter um apelo visual pelo desenho da lateral etc.
FUJA DO ÓBVIO: Outro ponto muito importante é entender como a peça conversa com o ambiente em que está insere. Costumo dizer que nem tudo dentro de um apartamento ou casa deve ter a mesma temática. Se um apartamento for projetado com o conceito industrial, não significa que todas as peças devem seguir a mesma ideia, o resultado fica monótono. A beleza também está na complexidade, na demora em entender todo o ambiente, no seu olhar sendo chamado por todos os lados, na surpresa com cada detalhe, na fuga ao óbvio. Por isso, gosto de pensar peças de mobiliário de maneira mais inusitada, mais fora do comum… Elas podem até ter a mesma cor base do ambiente, mas um design arrojado, mais futurista.
CORES: Sobre as cores, gosto de trabalhar com o conceito de “color-splash” ou seja, utilizando em alguma peça que seja ponto focal, uma cor intensa. Nesse caso, pode ou não ser uma peça de mobiliário… Pode ser uma poltrona, um quadro, uma escultura, um vaso com flores, uma manta ou até almofadas. O importante é romper com o padrão visual nas tonalidades. Uma dica para escolher a cor que fará essa função é utilizar o aplicativo da Pantone. Com ele, é possível tirar fotos do seu ambiente, escolher a cor predominante que o compõe e buscar outras cores que conversem super bem com sua paleta, sem errar a mão.
CONFORTO: À primeira vista o conforto também é um fator determinante para a escolha do mobiliário. É um erro escolher os móveis só pela aparência, afinal, antes de tudo eles exercem uma função que é a de abrigar um ser humano. Portanto, teste o móvel que você imagina, sente-se, deite-se nele, se imagine em todas as posições que você o usaria, peça para sua família fazer o mesmo. Imagina comprar uma peça e ela ser desconfortável para o uso? Por isso, aqui segue outra dica: evite comprar peças pela internet, só as compre se você as testar antes em uma loja física.
DIMENSÕES: Além de todas as questões anteriores, não se esqueça de verificar se a peça cabe no seu ambiente nas 3 dimensões: altura, largura e profundidade. E, além de caber, sobretudo é bacana pensar na escala dela em relação ao seu entorno. Uma mesa de jantar muito grande para uma sala de jantar muito pequena pode dar a sensação de que o seu ambiente é menor do que de fato é. Pense nas peças com uma certa folga, para que tenham um fundo visível. Essa questão é tão importante quanto a escuridão é para a luz. Respeite os vazios do seu espaço, suas peças terão mais vida e relevância quando o ambiente não estiver tão denso de mobiliário.
Por fim, gosto de pensar que tudo é uma questão de harmonia e equilíbrio, entenda o espaço, pense em todas as possibilidades que proporciona, não tenha medo de inovar. O que funciona para um amigo ou outra pessoa que mora no mesmo prédio pode não funcionar para você. Respeitar essas sutilezas é o segredo de um ambiente bem elaborado.
Aproveita para conhecer os meus projetos! 🙂